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Filme Suicida – Warner e sua dificuldade em montar seu universo da DC

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              As coisas não foram muito boas para a Waner em março desse ano. Com a recepção morna da maior parte dos críticos para “Batman VS Superman” – filme que achei muito bom, e uma bilheteria um tanto decepcionante, todas as fichas do estúdio e, por que não, do público, estavam para “Esquadrão Suicida” (Suicide Squad, EUA, 2016) que estreou nessa última quinta-feira no país com o objetivo de apagar a imagem “ruim” do Batman contra o Superman e dar mais forma ao universo DC no cinema. Porém, ao fim de uma sessão exaustiva, o que vemos em tela é que a situação da Warner ficou realmente preocupante.

            Cronologicamente o longa parece se passar depois dos acontecimentos de “Batman VS Superman” embora a cena pós-crédito fuja desse cronograma… Enfim, depois da morte do Homem de Aço, Amanda Waller (Viola Davis) uma durona que faz parte do sistema de inteligência e segurança dos EUA, teme que o próximo Superman não tenha as convicções e bondade que o Clark Kent tinha, por essa razão, monta um programa perigoso: reunir os mais perigosos bandidos para enfrentar o futuro caos que possa vir a acontecer por causa dos meta-humanos, cuja existência fora descoberta pelo governo. Basicamente é colocar bandido contra bandido, enfrentar chumbo-grosso com chumbo-grosso. Tendo a autorização necessária, Waller força que um grupo de criminosos se junte para enfrentar um eminente ataque supernatural que se instava apôs a fuga de duas criaturas míticas.

            Trazendo a atmosfera sombria já comum dos filmes da DC, as duas horas e vinte minutos de projeção se tornam cansativas visualmente, ainda mais com o 3D inútil que escurece ainda mais a tela. Dirigido por David Ayer, experiente diretor de ação e suspense policial, “Esquadrão Suicida” parece não saber aonde ir. Primeiro, o longa coloca uma edição monótona e uma série de singles famosos, inclusive, já nos primeiros minutos de projeção – o que já me deixou de orelhas em pé. O tom sombrio e seco da fotografia é um contraste absurdo com o roteiro vago do próprio Ayer que parece querer colocar uma piadinha aqui e ali para atenuar o clima pesado – e esse é o problema do longa.

            Concebido originalmente de uma forma, as críticas a “Batman VS Superman” aconteceram justamente quando “Esquadrão Suicida” estava sendo feito, logo, a Warner quis mudar algumas coisas, deixar o longa mais leve, refilmar cenas e mudar alguns outros detalhes. O resultado? Um fiasco! A Dona Warner tem que aprender a não colocar os seus dedos gananciosos em seus filmes – o que foi o problema também de “Batman VS Superman” cuja versão do diretor foi bem mais acolhida pelo público e crítica. Querer mexer em trabalhos tão autorais como são os filmes da DC não é uma boa ideia. E ainda sem levar em consideração que esse estilo irônico que o longa tenta ter não é da natureza de David Ayer ao analisarmos sua filmografia.

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Margot Robbie como Arlequina, a melhor coisa do filme. Alguém já não esperava por isso?

            Com tantos problemas na montagem e no roteiro e uma trilha sonora exagerada, pelo menos temos um elenco bastante dedicado. A começar pela Margot Robbie que dar vida de maneira maravilhosa – e sexy, a Arlequina. Embora sua personagem sofra com o roteiro e sua tentativa de se fazer engraçado, a atriz tem ótima presença em tela e consegue apagar essa falha do texto em sua caracterização. Will Smith na pele do pistoleiro Floyd Lawton me surpreendeu e mostrou que se preocupou em dar profundidade ao matador, embora a tentativa tenha sido parcialmente fracassada. Viola Davis está ótima como sempre, dando a Amanda a frieza necessária e compreensível de sua personagem. A maior surpresa, porém, foi Jay Hernandez que conseguiu dar uma grande humanidade ao seu El Diablo, sendo ele uma das melhores coisas da película. Outra agradável surpresa foi Joel Kinnaman que vive Rick Flag, cujo personagem sempre consegue montar alguma relação interessante com os demais. Aguardado por todos, o Coringa de Jared Leto foi uma decepção. Rindo a todo o momento sem nenhum motivo, perceptivelmente com modos forçados, Leto errou feio em sua dramatização passando longe de passar aquela sensação de perigo presente e qualquer outra encarnação do personagem no cinema.

            Outro ponto negativo – bem negativo, aliás, é a vilã. A “Bruxa”, quando surgiu em tela, encantou com suas façanhas e a maneira criativa em que ela surge em plena reunião no Pentágono. Porém, basta avançarmos alguns minutos para tudo vir por água à baixo. Sem nenhuma razão, a personagem decide destruir todo o mundo (essa velha história outra vez) e, para isso, fica uma eternidade em pé fazendo basicamente nada a não ser ficar dançando de maneira ridícula.

Boa parte do Esquadrão reunido. Ótimos em tela, mas pouco trabalhados.
Boa parte do Esquadrão reunido. Ótimos em tela, pouco trabalhados.

Um dos problemas do longa é o grande número de personagens. A Warner com seu desespero em criar o seu universo cinematográfico no estilo da Marvel, está fazendo tudo nas pressas e o resultado não está sendo bom. Colocaram logo de cara o Batman para enfrentar o Superman e agora juntam tantos vilões em um filme só que a maioria é mais um figurante em tela do que um personagem. Teria sido mais interessante ter feito pelo menos um filme com alguns desses personagens antes de formar o Esquadrão.

            Com um roteiro extremamente fraco, muitos, e bons, personagens mal aproveitados e o dedo da Warner no meio, “Esquadrão Suicida” é o filme que parece não saber aonde ir e fica se moldando a todo instante para tentar agradar, o que só gera o efeito contrário. Denso, bobo e escuro, a sessão é dura e extremamente cansativa, o que é muito triste visto que todos aguardavam muito desse filme. Não sei mais nem o que esperar dos demais filmes da DC. Depois desse filme, a Warner pode ter cometido suicídio de seu universo. Dica: fuja do 3D.

Nota: 5.5/10.0

Imagens: Divulgação.

Edição: Eduardo Janibelli