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O Pecado do Segundo Filme – Continuação de “Truque de Mestre” falha por querer ser mais grandioso que antecessor

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          Sempre digo que uma de minhas maiores satisfações é assistir um filme o qual não espero muito. Muitas vezes é um longa que fez um sucesso mediano de público, que chegou e saiu sem muito alarde e, aparentemente, sempre tem um filme mais interessante e famoso disputando espaço o que me faz conferir primeiro este exemplar. Isso aconteceu com o ótimo “Truque de Mestre” que me pegou de tal jeito que assisti ao filme duas vezes ao longo de dois dias. Para mim, tratava-se daquele tipo de filme que não precisava de continuação. Dessa forma, quando foi anunciado “Truque de Mestre: O Segundo Ato” (Now You See Me 2, EUA, 2016), fiquei extremamente receoso com a qualidade que a película viria a ter. Conferido o filme finalmente, eis que ele consegue se manter em um nível interessante.

            Apôs os eventos impressionantes do primeiro filme, o grupo de mágicos liderados por agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) está a mais de um ano escondido, esperando pela ordem do misterioso O Olho para agir. Quando, enfim, a ordem chega, os mágicos são surpreendidos por um jovem – e psicopata, empresário chamado Walter Mabry (Daniel Radcliffe) que apôs sequestrá-los, obriga-os a roubarem um chip poderoso capaz de se infiltrar em qualquer computador.

 

A nova adição ao grupo, Lizzy Caplan, ótima!
A nova adição ao grupo, Lizzy Caplan, ótima!

Temos de volta basicamente todo o elenco original – isso é muito bom! Com exceção de Isla Fisher que foi afastada devido a uma gravidez. No lugar dela, na pele de outra personagem, entrou a ótima Lizzy Caplan. Foi uma escolha muito sábia inserir uma personagem diferente ao da Fisher, apagando a impressão de “tapa buraco”. Caplan coloca em sua mágica Lula muita originalidade e diversão, fazendo dela um dos melhores resultados da projeção. Jesse Eisenberg e Dave Franco repetem bem os seus trabalhos. Woody Harrelson surpreendeu ao interpretar dois personagens de forma bem distinta. Outra inserção ao elenco foi Daniel Radcliffe que, mais uma vez mostra um bom trabalho, dessa vez, na pele do vilão. Os destaques, porém, vão para Mark Ruffalo e Morgan Freeman. Embora o roteiro não se apegue a desenvolver muito os personagens, foram esses dois que tiveram os maiores e interessantes desenvolvimentos na trama. A experiência de ambos também ajudou muito para trazer uma carga dramática complementar ao roteiro e aos seus personagens.

 

Mágicas mais mentirosas, porém, maravilhosas.
Mágicas mais mentirosas, porém, maravilhosas.

Dessa vez, nas mãos de Jon M. Chu substituindo Louis Leterrier, o longa peca exatamente no calo da maioria das continuações: ser maior que o primeiro filme. Para isso, o diretor se utiliza de muitos exageros. Desde a um roteiro confuso, cheio de reviravoltas até aos truques mágicos ainda mais mentirosos que no longa anterior. Isso é ruim porque além de deixar a trama muito difícil de acompanhar uma vez que tudo acontece muito rápido em seu clímax, o espectador pode desistir de tentar entendê-lo. Também, o que eu achava interessante no primeiro filme é que a maioria das mágicas realmente poderia ter ser feitas na realidade, nesse segundo filme, bem… é bem mais magia mesmo. Será que realmente ela existe? Bem, o longa não se interessa em responder.

            Outro ponto que achei interessante na película foi o dos efeitos especiais. Gosto muito quando essa técnica é usada de forma que fique despercebida. Ou seja, usada apenas como um algo narrativo, sem exageros, algo que não ocorre na maioria dos longas.

            Trazendo os elementos que deram certo no primeiro filme e atenuando em demasia outros, “Truque de Mestre: O Segundo Ato” ainda consegue se manter em um nível elevado, embora à baixo do original. As mágicas são excitantes, o elenco muito bom e, acima de tudo, o longa consegue prender a atenção da plateia do início ao fim da projeção. Trata-se de um divertimento de qualidade que merece ser conferido.

Nota: 7.0/10