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O Terceiro nem sempre é o pior – “Star Trek” foge a regra e tem um digno terceiro capítulo

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            “O terceiro filme é sempre o pior”. Essa foi a frase adotada pela jovem Jean Gray no comentado “X-men: Apocalipse” em relação às trilogias, frase que na maioria das vezes é verdadeira, existindo poucas exceções. “Star Trek: Sem Fronteiras” (Star Trek Beyond, EUA, 2016) acaba mostrando ser uma delas.

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Equipe reunida. Elenco estelar e de qualidade.

            Depois de passar por tantas coisas e ficar demasiado tempo no espaço se dedicando às missões, o jovem James T. Kirk (Chris Pine) parece não saber que caminho seguir em sua vida e nem mesmo saber quem ele é. Para solucionar essas dúvidas, o rapaz não ver outra alternativa a não ser afastar-se da gigantesca nave Enterprise e colocar seu fiel amigo Spock (Zachary Quinto) em seu lugar. Kirk não imagina, porém, que até mesmo Spock tem outros planos. Tudo vira de ponta a cabeça quando o maléfico Krull (Idris Elba) invade a nave com uma tropa aterradora e quase toda a tripulação acaba indo parar em um planeta desconhecido. Lá, terão ajuda da determinada Jaylah (Sofia Boutella).

            O primeiro “Star Trek”, lá em 2009, foi uma surpresa para mim. Eu não tinha muita fé no longa simplesmente, porque esses filmes de fantasia no espaço nunca haviam me chamado atenção. Porém, ao final da película, fiquei estupefato pela qualidade da produção. Embora inferior ao original, o segundo longa da franquia, “Star Trek: Além da Escuridão” conseguiu agradar e ainda amadureceu os seus personagens. “Sem Fronteiras” vai um pouco mais longe que isso. Trazendo uma grande quantidade de personagens, o longa consegue tempo hábil para cada um deles.

O vilão Krul (Idris Elba), trabalho bem realizado pela direção de arte.
O vilão Krul (Idris Elba), trabalho bem realizado pela direção de arte.

Chris Pine não desaponta como Kirk. Embora não tenha mais aquele jeito canastrão que todos dão risadas, ele consegue transmitir o amadurecimento de seu personagem exatamente por essas pequenas mudanças. Um pouco de lado nesse filme, Zachary Quinto continua ótimo e forma uma divertida dupla com o médico Leonard “Bones” McCoy (Karl Urban) que, além de terem ótimos diálogos, conseguem ser engraçados de maneira natural. A participação de Zoe Saldana como a bela Uhura nesse longa soou um tanto forçada. Depois do sucesso de “Guardiões da Galáxia”, era até óbvio que o roteiro iria aproveitá-la mais. No entanto, o modo como fora abordada não me convenceu muito. Talvez o problema disso tenha sido o vilão vivido por Idris Elba. Com um visual bem caprichado e uma entonação de voz na medida certa, o personagem não tem profundidade suficiente para impressionar. Não como o roteiro tenta colocar. Krul tem todo seu objetivo desenvolvido tão às pressas que soa artificial. Pelo menos não aconteceu algo clichê que iria destruir o personagem. (ufa!)

            Por outro lado, temos a inserção da ótima Sofia Boutella. Ela já havia mostrado ter presença em tela como a assassina com sapatos afiados em “Kingsman: Serviço Secreto”, mas aqui ela está um espetáculo. Boutella dar a sua Jaylah uma agilidade e segurança plausível, roubando muitas cenas e fazendo ótima par em tela com Simon Pegg, que, outra vez, arrasa. Triste é ver o jovem Anton Yelchin em tela, cuja morte bizarra aos vinte e sete anos chocou a todos.

Sofia Boutella na pele de Jaylah, ótima adição ao elenco.
Sofia Boutella na pele de Jaylah, ótima adição ao elenco.

A rapidez com que algumas coisas acontecem é o que prejudica a história em alguns pontos. Houve certa polêmica poucos meses antes do lançamento do filme quando o diretor Justin Lin revelou que Sulu (John Cho) iria ser gay na trama e que haveria até mesmo uma cena de beijo deste com seu companheiro. Ambos, inclusive, tem uma filha. A cena, no final das contas, foi cortada e sua essência perdida. A questão que fica é: o que mais foi cortado? Trata-se de um pequeno detalhe que faria toda a diferença e daria mais dramaticidade as cenas que estavam por vir. Enxugar o filme é bom, porém, saber o que cortar é tarefa complicada.

           As cenas de ação dirigidas por Justin Lin – este com larga experiência em seus “Velozes e Furiosos” – não tem o charme das de J.J. Abrams no primeiro longa da franquia, mas cumprem bem o seu papel. Faltou melhor trabalho pela edição (ela mais uma vez) que poderia dar mais adrenalina nas sequências de ação, vide o ataque em uma moto realizada por Kirk em uma sequência perceptivelmente pouco explorada. Destaque para a direção artística do longa que, além de nos apresentar cenários belos e bem contextualizados, trouxe uma caracterização de seus personagens com muita eficiência, sem nunca parecer artificial.

      Recheado de boas cenas de ação, continuidade no amadurecimento de seus personagens e um elenco estelar de qualidade, “Star Trek: Sem Fronteiras” entra no seleto clube que mostra ser possível realizar um terceiro filme digno de ser visto. Prejudicado por uma edição que retirou a essência de algumas cenas, o longa deixa evidente que tinha potencial para mais, contudo, o que nos foi entregue é um grande trabalho. Para uma experiência melhor no cinema, sugiro não assistir no imprestável 3D.

Nota: 8.0/10.0

Edição: Eduardo Janibelli

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