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Brasileiros lançam serviço de streaming de quadrinhos chamado Cosmic.

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No meio da crise da indústria fonográfica um novo modelo de negócios surgiu: o serviço de streaming, no qual o usuário pode acessar um vasto acervo de obras sem ter que baixar os arquivos. É uma proposta que conquista um público cada vez maior, a partir de plataformas como Spotify (música), Netflix (vídeos) e Scribd (livros).

Uma dupla de jovens no Ceará se prepara para aplicar a mesma lógica ao mundo dos quadrinhos. Eles perceberam que, embora a internet seja um meio eficiente para divulgar e apoiar a criação de novas HQs, a comercialização ainda segue o modelo de negócios do impresso, e isso gera problemas.

“Os quadrinhos despertam muito mais interesse do que os números de venda das edições impressas reflete”, comenta Ramon Cavalcante, que criou com George Pedrosa a plataforma Cosmic. “E isso, desde a década de 90, estanca o crescimento do mercado”.

Os autores e editoras aparecem com grandes obras, mas o cenário em que gráfica, distribuição e postos de venda chegam a ficar com mais de 80% do preço de capa impõe um gargalo severo para a produção.

Com lançamento previsto para novembro, o Cosmic terá uma mensalidade de R$ 15,90. Desse valor, 30% ficam com a empresa e o resto é distribuído entre os autores. Cada artista recebe uma quantia proporcional ao apelo de suas obras junto aos usuários – ou seja, o pagamento é calculado a partir do número de páginas lidas.

Em julho, Ramon e George lançaram a versão beta de um leitor gratuito, onde o usuário pode armazenar e ler os quadrinhos digitais que já possui. A plataforma conta com um fórum para coletar as impressões do público e, a partir disso, criar ou melhorar recursos. Entre as ideias que estão sendo implementadas estão ferramentas para a avaliação das obras, recomendação de quadrinhos e críticas em redes sociais.

A transição dos quadrinhos para o mundo digital ainda está no começo. Uma referência nessa área é a americana ComiXology, que oferece títulos da Marvel, DC e Disney, vendendo cada obra separadamente. Mas, no Brasil, muitas editoras só têm quadrinhos na versão impressa – caso da Conrad e da Cia das Letras.

É um território novo para todos os envolvidos. Algumas editoras já encontraram um bom sistema de vendas para livros tradicionais no digital, mas ainda não encontraram a forma ideal para seus quadrinhos.

“Muito da venda de ebooks é voltada para dispositivos de leitura como Kindle e Kobo, que tem sérias limitações gráficas e não abraçam o aspecto visual dos quadrinhos”, comenta Ramon.

Em relação aos leitores, é fato que muitos colecionam e têm apego à obra física, diz ele. Mas mesmo esses podem ver vantagens no digital – como a possibilidade de acessar um número bem maior de quadrinhos e, assim, escolher melhor quais querem ter na versão impressa. “Muitos desses leitores acabam acessando essas obras via pirataria online”, afirma. “Os problemas de preço, distribuição e número limitado de lançamentos em relação ao que é produzido já vem empurrando o leitor para o digital há muito tempo, mas sem uma plataforma adequada para dar abrigo a essa nova forma de ler e possibilitar que o leitor financie seus autores e editoras favoritos.”

Via: Galileu.

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